O farelo, uma das fontes mais ricas de fibras, é a casca indigerível do trigo, do arroz, da aveia e de outros cereais. Antigamente, grande parte do farelo era descartada quando os grãos eram processados. Então, na década de 1960, o Dr. Dennis P. Burtkitt, um oficial médico na África, publicou diversos estudos científicos defendendo que o farelo e outros tipos de fibras podiam prevenir infartos, diverticulite e outros distúrbios intestinais, câncer de mama, de cólon, de próstata e de útero. Desenvolveu sua teoria depois de observar que estas doenças são raras entre os africanos que vivem em áreas rurais e consomem grandes quantidades de grãos integrais. Impelido por uma série de livros recordes de vendas, o farelo tornou-se o alimento da moda na década de 1970, e o farelo sem processamento foi adicionado a muitos alimentos, de pão a pratos inacreditáveis como bolos de carne e maçãs assadas.
Desde então, muito do entusiasmo com o uso do farelo não-processado se arrefeceu, quando pesquisadores aprenderam mais sobre os benefícios e possíveis danos à saúde. Atualmente, sabemos que os vários tipos de farelo têm diferentes propriedades e funções. O farelo de trigo, por exemplo, é a fibra mais insolúvel. Embora absorva grandes quantidades de água, é transferido por meio do trato intestinal de forma intacta. Quando usado com moderação, a fibra insolúvel ajuda a prevenir a prisão de ventre, ao produzir um bolo fecal macio e volumosos que se movimenta rápido e facilmente pelo cólon. Entretanto, não se deve ingerir quantidades excessivas, pois podem causar distensão abdominal e gases.
Será que farelo previne o câncer de cólon?
O Dr. Burkitt defendia a teoria de que o farelo prevenia o câncer de cólon ao reduzir o tempo necessário para o bolo fecal se mover pleo intestino. Entretanto, estudos para documentar esse efeito protetor geraram resultados incertos. Um estudo australiano descobriu que mulheres que tomavam grandes quantidades de farelo de trigo na verdade tiveram uma incidência ligeiramente mais alta de câncer de cólon. Por outro lado, um estudo feito ao longo de quatro anos, envolvendo 58 adultos com alto risco de pólipos de cólon pré-cancerígenos, descobriu que quem ingeria farelo conseguia reduzir o crescimento desses pólipos tanto em tamanho quanto em número.
Dois estudos médicos de 2003 - um com norte-americanos e outro com europeus - mostraram que uma alta ingestão de fibras alimentares está associada a um menor risco de câncer colorretal. No estudo norte-americano, os pesquisadores compararam a ingestão diária de mais de 3500 pessoas que tinham pólipos de cólon pré-cancerígenos à ingestão de fibras de cerca de 34000 que não tinham esse tipo de pólipo. Descobriram que que quem ingeria mais fibras, cerca de 35 g por dia, tinha um risco 27% menor de crescimentos pré-cancerígenos do que aqueles que comiam menos, cerca de 12 g por dia. A associação era maior para fibras de grãos, cereais e frutas. No estudo europeu, os pesquisadores examinaram esta relação em mais de 500000 pessoas em dez países. Aqueles que consumiam mais fibras, cerca de 35 g diárias, tinham um risco cerca de 40% menor de câncer colorretal, se comparadas às que comiam a menor quantidade, cerca de 15 g por dia. Um editorial acompanhando esta publicação concluiu que "adotar uma dieta rica em vegetais, na forma de frutas, legumes, verduras e cereais integrais provavelmente continua sendo a melhor receita para reduzir os riscos de câncer de cólon, e para se ter uma boa saúde em geral".
Aparentemente, incluir farelo em uma alimentação com alto teor de fibras ajuda a prevenir a diverticulite, um distúrbio intestinal no qual pequenas bolsas das paredes do cólon inflamam. E como ajuda a evitar prisão de ventre, o farelo também pode ser benéfico para pessoas que sofram de hemorroidas.
Diabéticos também podem se beneficiar do farelo de aveia. Esse tipo de farelo é rico em fibras solúveis, que são viscosas e formam um gel denso, em combinação com a água. Alguns pesquisadores relataram que esse tipo de fibra reduz as taxas de colesterol. Aparentemente, também podem melhorar o metabolismo da glicose em diabéticos. Por sua vez, esse benefício reduz sua necessidade de insulina e de outros medicamentos contra diabetes.
Mais recentemente, surgiram relatórios de que o farelo de arroz também reduz os níveis de colesterol. Entretanto, os pesquisadores não estão certos se esse benefício deriva das fibras solúveis encontradas no farelo ou dos óleos altamente insaturados do germe de arroz.
Todos os farelos desempenham um papel no controle do peso, pois provocam a sensação de saciedade sem que tenha comido demais.
Benefícios no consumo de cereais:
- Ajuda a prevenir a prisão de ventre
- Farelo de aveia e de arroz ajudam a reduzir as taxas de colestrol
- Gera uma sensação de saciedade, que pode levar à perda de peso
- Pode reduzir o risco de alguns tipos de câncer
Desvantagens
- Excesso de farelo reduz a absorção de cálcio, de ferro e de zinco
- Pode causar irritação intestina, distensão abdominal e gases
Possíveis riscos
Quando os benefícios do farelo foram anunciados pela primeira vez, muitas pessoas começaram a adicionar três, quatro ou até mais colheres de sopa de farelo não-processado à sua alimentação diária. Logo ficou claro que essa prática podia causar inchaço e desconforto e até mesmo agravar a síndrome do intestino irritável. Além disso, o ácido fítico nos farelos crus inibe a absorção de cálcio, ferro, zinco, magnésio e outros minerais importantes pelo organismo.
Existem diversos relatos de obstrução intestinal grave em pessoas que consumiram grandes quantidades de farelo. Mas hoje, muitos nutricionistas aconselham as pessoas a comer pão de trigo integral, cereais, mingau de aveia e cereais feitos com aveia integral e substituir arroz branco por arroz integral sem exageros.
Fonte: Livro Alimentos Saudáveis Alimentos Perigosos
Nenhum comentário:
Postar um comentário